Criação

Criação em Cativeiro

A criação de periquitos em geral, há muito se popularizou em todo o mundo. Os Agapornis canus foram os primeiros a ser criado em cativeiro, quando em 1860 o Jardim Zoológico de Londres importou e reproduziu algumas dessas aves.

No começo deste século, com o imperialismo e conquista do continente africano, surgiu no quadro da avicultura européia um pequeno periquito, que mais parecia um papagaio em miniatura e que se adaptou muito bem ao cativeiro. Milhares foram importados da África .Possuíam um comportamento singular: os casaizinhos mantinham-se sempre juntos, se acariciando, o que lhes valeu a denominação inglesa de LOVEBIRDS ou seja  “PÁSSAROS DO AMOR”. Na França são conhecidos como Les Inséparables e na Alemanha como Unzertrenlichen (ambas significam inseparáveis).

Ninho do personatus com seis ovos

Vindos da África, os primeiros chegaram ao Brasil no fim da década de 50. Pouco se sabia a respeito de seus hábitos e costumes e por muito tempo foram conhecidos apenas como “periquitos africanos”. Enquanto poucos os criavam modestamente aqui na década de 60, na Europa e Estados Unidos estas pequenas aves, nem periquitos, nem papagaio, já se fundiam e mutações surgiam. Começa a serem conhecidos como Agapornis, nome de seu gênero derivado do grego e latim ( agapi + ornis ) e que pode ser traduzido como “pássaro do amor”. Na década de 70 a criação de Agapornis no Brasil começa a se desenvolver para nos anos 80 se tornar popular e se difundir. Surgem ideais entre os criadores: obter novas cores, selecionar linhagens, conhecer e manter contatos com outros criadores no Brasil e no exterior.

A escassez de literatura especializada que satisfizesse a crescente necessidade de informação exigida tanto pelos iniciantes quanto pelos veteranos no agapornismo, nos motivou a compor uma obra editada em inglês em 1997.Agora, já no século 21, finalmente um livro totalmente novo e diferente em português.

Porque os Roseicollis São Mais Comuns

  • Os roseicollis atingem a maturidade sexual mais cedo;
  • São de custo relativamente mais baixo;
  • Seu processo de acasalamento é mais simples, não havendo muitos problemas na formação dos casais;
  • São aves mais rústicas, com um comportamento menos elaborado e conseqüentemente se adaptam melhor as condições do cativeiro;
  • São menos exigentes quanto a cuidados gerais;
  • Nidificam facilmente mesmo em caixa-ninhos inadequados, e por vezes, mesmo na ausência de material de nidificação;
  • Os filhotes são bastante resistentes às condições climáticas e às doenças.

Roseicollis de duas semanas de idade. A penugem branca indica que são da variação branca (azulados).

Em contrapartida temos que:

  • Os personatus, devido há um comportamento mais elaborado, são mais exigentes quanto ao tipo de ninho e viveiros;
  • Caso não lhes seja fornecido material de nidificação eles não se reproduzirão, levando muitas vezes ao fracasso na criação dos mesmos;
  • São de custo relativamente mais elevado;
  • Há problemas para a formação do casal: os indivíduos se mostram extremamente exigentes na escolha dos companheiros;
  • São extremamente agressivos, dificultando a formação de colônias e mesmo a simples convivência em gaiolas;
  • Os filhotes são mais susceptíveis ao stress, principalmente os machos acarretando num maior número de fêmeas que atingem a idade adulta.

Em relação à demais espécies (canus, pullarius e taranta) temos:

  • São raras e de custo elevado apresentam um caráter agressivo, impossibilitando que sejam mantidas juntas em viveiros. Criam bem os casais isolados;
  • Possuem maturidade sexual mais tardia que os roseicollis, fischeri e personatus;
  • São mais ariscos e necessitam de locais isolados e tranqüilos para se reproduzir.
  • Os pullarias especialmente, são extremamente susceptíveis ao stress e altamente exigentes quanto ao tipo de ninho (vide nidificação, A pullarius).

IMPORTANTE: Não queremos com isso desencorajar o criador uma vez que as demais espécies se reproduzem bem no cativeiro. Temos apenas por objetivo alertar para as peculiaridades da criação de cada tipo de Agapornis. Leia com atenção cada uma delas e não terá problemas. Aconselhamos no entanto, o criador iniciante para adquirir experiência com os roseicollis antes de adquirir as outras espécies. (D’Angieri,A- The Colored Atlas of Lovebirds- TFH-1997)

Reprodução

A reprodução em cativeiro dá-se todo o ano, qualquer que seja a estação; havendo apenas uma pequena interrupção durante a mudança de pena que, por sua vez, ocorre no fim do verão e início do outono. Este fato possibilita, em média, que cada casal se reproduza quatro vezes ao ano, podendo chegar a cinco ninhadas.

Muitos criadores afirmam que, a cada casal, devemos permitir apenas duas ninhadas ao ano, evitando assim o esgotamento das aves. Embora tal fato possa vir a ocorrer na experiência do autor, isso só acontece quando as aves são mantidas em condições precárias de alimentação e ou alojamento. Aves que se vêem destinadas precocemente à reprodução, ainda muito jovens, também apresentam tal problema.

Os casais bem nutridos e em idade correta para a reprodução, reproduzir-se-ão sem problemas, em média de quatro vezes anualmente.

Aconselhamos todavia, a cada dois anos, retirar as caixas-ninho por período de seis a oito meses, proporcionando um período de descanso às aves. Agindo desta forma você estará evitando esgotamento de seus pássaros e com isto certamente manterá seus casais ativos por um período de 4  a 6 anos. (D’Angieri,A- The colored Atlas of lovebirds- TFH-1997)

Onde e Como Criar

Quando iniciamos uma criação devemos ter em mente quais são os objetivos pretendidos. Existem duas maneiras básicas de criação no Agapornismo: casais isolados e colônias.

Colônias

As colônias apresentam a vantagem de facilitar o trabalho do criador. Em um único viveiro podem ser abrigados vários casais, desta forma o trabalho de manutenção será único: tratam-se todos de uma única vez.

  • a limpeza cabe a todos.
  • todos expedientes são feitos em uma única etapa. O trabalho para se manter um casal é igual para manter a colônia.
  • a visão de uma colônia proporciona grande beleza.

Existem contudo, diversas desvantagens:

  • são de difícil controle, principalmente se houverem indivíduos iguais (da mesma cor).
  • o controle genético torna-se impossível uma vez que fica muito difícil identificar os respectivos filhotes de cada casal; ainda mais quando se levanta a possibilidade de duas fêmeas colocarem seus ovos no mesmo ninho.
  • no caso de morte de algum indivíduo fica difícil identificar o indivíduo restante.
  • podem ocorrer brigas territoriais acarretando na perda de ninhadas e até de pássaros adultos.
  • no caso de adoecimento de algum integrante da colônia poderá ocorrer contaminação de toda ela.
  • existe uma maior mortalidade de filhotes devido aos mesmos estarem constantemente sujeitos a agressões por parte dos outros casais e filhotes mais velhos.
  • caso os casais reprodutores não estejam devidamente identificados podem ser desfeitos ao serem confundidos com filhotes excedentes e assim retirados da colônia.

Casais Isolados

Esta forma de criação apresenta a desvantagem de ser mais trabalhosa se você tiver a intenção de manter muitos casais(D’Angieri,A- The Colored Atlas of Lovebirds- TFH-1997).

O trabalho de manutenção de 10 casais será 10 vezes maior que o de uma colônia com dez casais e o custo das instalações é bastante alto. Contudo, as vantagens superam as desvantagens:

  • O controle genético e de qualidade pode ser mantido rigorosamente.
  • A taxa de mortalidade de adultos e filhotes em conseqüência a brigas é 0%.
  • No caso de doenças infecciosas haverá maior facilidade para controle e erradicação da mesma.
  • Você poderá formar quantos casais quiser e quando quiser, sem a preocupação de que eles possam ser rejeitados pela colônia.

Os casais isolados deverão ser mantidos em viveiros tipo bateria e ou gaiolas, ambos poderão estar situados em ambientes fechados (interiores) ou abertos (exteriores).

Alimentação

No Brasil, país de clima tropical , não há grandes exigências quanto ao teor calórico energético da alimentação pois não possuímos grandes invernos como nos países temperados. Assim, uma dieta menos calórica que na Europa e estados Unidos deve ser utilizada. Da mesma forma que utilizamos menor quantidade de umidade nas rações.

Uma boa alimentação é fundamental para a manutenção e reprodução de qualquer espécie de ave ou animal em cativeiro. Nossa alimentação é composta aproximadamente da seguinte composição mínima no período reprodutivo:

Uma variedade rica de alimentos frescos é essencial para o sucesso da criação.

DIETA – REPRODUÇÃO
Níveis médios qualitativos
energia metabolizável 2900 kcal/kg
Umidade(Max) 12,00%
Proteína Bruta(Min) 22,00%
Extrato Etéreo(Min.) 6,50%
Matéria Fibrosa (Máx.) 3,00%
Matéria Mineral (Máx.) 9,00%
Cálcio (Máx.) 2,00%
Fósforo(Min.) 0,60%
Monoligossacarídeos(Min.) 0,25%
Ácido Linoleico (Min) 2,80%
Ácido linolênico (Min.) 0,30%

Os Agapornis não são muito exigentes, porém alimentação farta e variada deve lhes ser oferecida, sob pena de não ter bons resultados em sua reprodução, originando aves fracas e desnutridas.

Os principais alimentos que oferecidos em diferentes proporções originam as composições mencionadas acima se consistem de sementes, verduras e frutas além de pão, biscoitos e leite diários, são eles:

  • Alpiste
  • Almeirão
  • Painço
  • Couve
  • Aveia
  • Pão seco (tipo francês)
  • Semente de girassol
  • Pão de centeio
  • Trigo em grão
  • Pão molhado ao leite
  • Cevada em grão
  • Maçã
  • Cenoura
  • Beterraba
  • Milho Verde

Farinhadas

Alguns criadores ainda recomendam o uso de farinhadas , ou seja misturas de “farinhas” diversas, que para serem oferecidas devem se tornar palatáveis aos periquitos. Em nossa experiência os produtos mais utilizados são: açúcar, farinha láctea, farinha de aveia, trigo moído, ovo  e leite em pó, óleo de germe de trigo, mel e óleo de oliva.

Sugerimos a seguinte receita:

  • 200g de açúcar
  • 1 kg farinha Láctea
  • 200g farinha de aveia
  • 300 gramas trigo moído (deixar de molho em água 12 horas e depois escorrer toda água)
  • 100 g ovo em pó
  • 50 ml de óleo de germe de trigo
  • 50 ml de mel (amolecido no microondas)
  • 50 ml óleo de oliva

Misturar tudo de modo que se torne uma mistura úmida e saborosa. Oferecer  em pequenas quantidades para que seja consumida de imediato. Não deve sobrar farinhada pois o produto estraga rapidamente. Assim recomenda-se em prepará-la diariamente ou se impossível manter no refrigerador no máximo por 48 horas.

Polivitamínicos devem ser administrados por períodos de cinco a sete dias a cada dois meses e nas situações de stress (reprodução,muda, inverno, doença, etc.).

Qualquer uma de suas escolhas deve ter sempre em mente o seguinte:

  • as sementes devem ser sempre secas, frescas e limpas, evite o uso de semente cheio de pó ou cheirando a mofo.
  • no caso de sementes germinadas estas devem ser guardadas refrigeradas a devem ser  fornecidas antes de “azedarem”.
  • girassol tem alto nível protéico (20-25%) e de lipídios (30-40%) e devem ser oferecidos com moderação.
  • não exagere nas frutas, no máximo pequenas quantidades ou em dias intercalados devido seu caráter laxativo principalmente a maçã.
  • laranja e mexericas podem ser oferecidas e são muito apreciadas,
  • a farinhada deve ser oferecida em quantidades pequenas, ou seja o suficiente para não sobrar. Se necessário ofereça duas ou mais vezes ao dia quando houver filhotes.

O Trato Diário

O trato diário deve ser feito pela manhã, principalmente quando há filhotes no ninho. Da mesma forma temos que seguir algumas regras:

  • As tigelas de água e comida devem ser pesadas, sugerimos cerâmica cozida ou porcelana branca por questões de higiene. bebedouros e comedouros de plásticos são leves demais e os Agapornis certamente irão derrubá-los e virá-los espalhando água e comida.Alguns criadouros colocam inclusive protetores de arame para limitar o desperdício pelas aves.
  • A água deve ser trocada diariamente
  • As sementes secas devem estar permanentemente disponíveis em comedouros limpos
  • As farinhadas devem ser colocadas e o que não for consumido retirado
  • Frutas e legumes devem ser oferecidos em pequenas fatias
  • Pães e biscoitos devem ser oferecidos três vezes por semana
  • Verdura, folhas verde frescas deve ser oferecida diariamente.
  • Quando houver filhotes no ninho talvez seja necessário alimentar as aves duas vezes ao dia.

Obs: Ravazzi (Agapornis-FOI-2003)  recomenda o rodízio de alimentação, variando principalmente as frutas, legumes e sementes nos dias da semana. Certamente é o ideal, contudo, a realidade na América do Sul é diferente e a falta de tempo e mesmo uso de empregados tratadores pode ser um fator limitante a fazer uso correto dos alimentos.

Rações Industrializadas

Atualmente existem no mercado ração balanceada e estrusadas que oferecem uma “fórmula perfeita” e balanceada para alimentação única. Na nossa experiência obtivemos melhores resultados com alimentação natural mencionada anteriormente.

Gaiolas e Viveiros

Os mais diversos tipos de instalações podem ser empregados dependendo do objetivo a ser alcançado: a reprodução ou o adorno, neste caso, gaiolas são o suficientes e encontram-se disponíveis nos mais diversos tamanhos e modelos.

A reprodução das aves, que acreditamos ser o objetivo da maioria das pessoas, deve ser preferivelmente realizada em viveiros ou gaiolas voadeiras e o local do criadouro cuidadosamente planejado.

Os viveiros podem ser confeccionados em madeira ou alvenaria, com a frente em tela de malha fina (½ ou ¾). A malha fina é extremamente importante, principalmente em exteriores pois evita a entrada de roedores (D’Angieri,A- The Colored Atlas of  Lovebirds- TFH-1997).

O tamanho dos alojamentos é variado de acordo com a metodologia de criação empregada:

  • Criação em casais individuais; viveiros de 90 x 90cm, as divisões laterais podem ser em tela no caso daqueles dispostos em baterias.
  • Criação em colônias: o tamanho é variável de acordo com o tamanho da colônia; deve ser respeitado um espaço mínimo de 1m cúbico por casal.

Caixas-Ninho e Material de Nidificação

Os criadores costumam a ter uma opinião bastante diversificada a respeito das caixas-ninho e seus modelos.

A nossa experiência tem se mostrado extremamente bem sucedida e acreditamos que os modelos abaixo descritos trar-lhes-ão o mesmo sucesso.

As caixas-ninho devem ser construídas em madeira fina sugerimos compensados resinados de 8mm, que podem ser pintados ou não. Os periquitos não se adaptam bem as cores claras, devendo ser utilizados tons de marrom ou cinza  chumbo.

As medidas são: 18x16x16cm, com uma entrada frontal de 6cm de diâmetro (4,5cm para nigrigenis, lilianae e cana), tendo um pequeno poleiro (10cm) a sua base.

Os ninhos para A. pullaria devem ser “recheados” de cortiça sólida (na Europa é utilizado turfa).

O material de nidificação utilizados por estes “tecelões” é no geral, constituído de palha ou capim seco. Vários são os tipos de palha que podem ser utilizados, desde que possuam consistência  suficiente para permitir a armação do ninho e ao mesmo tempo não cause embaraço, o que pode vir a ocasionar verdadeiros desastres (enforcamento, torniquetes, etc.).

Nós sugerimos  o uso de qualquer dos materiais abaixo:

  • palha de vassoura amarela;
  • galhos de chorão (autores europeus sugerem seu uso);
  • folhas e galhos de palmeiras;
  • palha de milho seca.

Filhotes e Ovos

Um bom casal reprodutor deve fazer a postura, incubar os ovos e criar os filhotes sem maiores problemas.

Alguns cuidados devem ser seguidos para um melhor aproveitamento das ninhadas:

  • Devemos inspecionar o ninho uma única vez durante a postura pra nos certificarmos que a mesma ocorreu, o número de ovos e termos idéia da provável data de eclosão.Excetuam-se os ninhos de canus e pullarius que costumam abandonar seus ovos.
  • Uma segunda inspeção deve ser feita por ocasião da data provável da eclosão do último ovo e ao verificarmos o número de filhotes nascidos . Filhotes mortos, defeituosos e ovos brancos devem ser retirados.
  • Durante a incubação não devemos realizar inspeções freqüentes pois o manuseio excessivo pode ocasionar problemas nos embriões e conseqüente queda no aproveitamento das ninhadas.
  • Após o nascimento dos filhotes, o revestimento do fundo dos ninhos deve ser trocado e limpo semanalmente, evitando assim contaminação e adoecimento das ninhadas.
  • Por volta do 6º ou 9º dia de vida de cada filhote os mesmos devem ser anilhados e devidamente catalogados de maneira que o genótipo e o fenótipo de seus pais sejam registrados bem como o seu próprio.
  • Após a saída dos filhotes o ninho deve ser desfeito e novo material de nidificação oferecido ao casal reprodutor para que um novo ninho, limpo, esteja pronto por ocasião da    postura seguinte.

Dicas de Acasalamento

  • Utilizar sempre e somente aves saudáveis, não portadoras de quaisquer defeitos físicos ou comportamentais que possam ser transmitidos a seus descendentes: por exemplo, um erro freqüentemente cometido é o de mantermos fêmeas “ruins” (que não criam seus filhotes) como reprodutoras. O expediente de colocarmos os ovos em outras fêmeas é então utilizado. Fazendo isso estaremos selecionando uma linhagem de fêmeas má reprodutoras, pois nossa experiência mostra que as filhas das mesmas terão maior probabilidade de serem más reprodutoras ,herdando assim o distúrbio comportamental.
  • Evitar, sempre que possível, cruzamentos muito próximos (irmãos de ninhada, por exemplo).
  • Manter casais sempre de linhagens distintas: homozigoto X heterozigoto .
  • Introduzir, sempre que possível, novas linhagens em seu plantel desde que as mesmas sejam de procedência e qualidades conhecidas; caso contrário é melhor manter seu plantel fechado geneticamente.

Sexagem

A definição de sexo ou sexagem é um dos maiores problemas dos criadores que trabalham com espécies sem dimorfismo sexual.

Hoje a sexagem por DNA, está disponível e ao alcance de todos e, uma única gota de sangue ou uma pena será suficiente para determinação do sexo com margem de acerto próxima a 100%.

As técnicas de sexagem são várias, a endoscopia, ainda muito utilizada em aves maiores, é das mais eficientes de todas. É feita através de uma pequena cirurgia através da qual é feita a visualização direta das gônadas (ovários ou testículo). Desta forma, nas mãos de técnico experiente, não há possibilidade de erros. Muitos preferem esta técnica à do DNA pois informa ainda a condição das glândulas sexuais e se a ave s é potencialmente um bom reprodutor.

Existem ainda técnicas laboratoriais baseadas em cultura de células, cariótipo e ensaios bioquímicos e imunológicos.

Toda esta tecnologia é maravilhosa mais nem sempre está disponível no momento e local desejado; desta forma, vimos obrigados a usar metodologia mais arcaica e, conseqüentemente sujeita a maior número de erros, que em mãos experientes possuem um índice de acerto igual ou superior a 90%. Estamos falando da palpação digital das estruturas pélvicas dos periquitos.

As fêmeas dos Agapornis possuem os ossos ilíacos mais alongados e cuja curvatura é menos acentuada que a dos machos. Isso proporciona uma maior distância entre os processos pélvicos e uma maior altura entre estes e a parede posterior da bacia e borda esternal, proporcionando um maior “espaço pélvico”, necessário para que ocorra a passagem dos ovos.

Os machos apresentam os ilíacos mais curtos e encurvados, levando a uma menor distância entre eles e a um pequeno espaço pélvico.

O método consiste em, se palpando a região pélvica dos Agapornis, distinguir as estruturas acima citadas com suas respectivas diferenças.

A prática é essencial e somente com muito treino poderemos utilizar a palpação digital com certa segurança, mesmo porque existem variações individuais de acordo com a idade, o que leva a maior margem de erro em indivíduos jovens. É costume dizer que após termos apalpado aproximadamente 1.000 indivíduo atingirá um estágio confiável de destreza e segurança na definição digital do sexo (D’Angieri,A- The Colored Atlas of  Lovebirds- TFH-1997).

A ÁFRICA: Habitat natural dos Agapornis

Na virada do século, tive a oportunidade de viajar 45 dias pela terra dos nossos Agapornis e pude identificar pequenos grupos deles. Extremamente ariscos , não consegui fotografá-los pois permaneciam no alto das acácias, baobás, marulas, etc. Eu, como todo bom fotógrafo amador estava no lugar certo, na hora certa mas com a lente errada! Minhas teleobjetivas eram fracas demais e não eram capazes de fotografar os pássaros ao longe. Apenas a título de ilustração vamos ver algumas fotos de seu ambiente natural que pude ter a felicidade de visitar. Estas são apenas ilustrações românticas de um apaixonado por estas aves, sem qualquer pretensão de compendio biológico e botânico científico corretos.